Depois do terremoto recente no Haiti, as tropas norte-americanas, junto com as tropas da Minustah/ONU comandadas pelo Brasil, estão a serviço de garantir a “reconstrução” do Haiti, que garantirá imensos lucros à burguesia internacional. Para isso, o plano é estender por anos a permanência das tropas, que terão que ficar no país para que os “bárbaros” e “selvagens” haitianos sejam “civilizados”.
Os EUA, a ONU e o Brasil aproveitam a catástrofe ocorrida para enviar mais tropas para reprimir o povo haitiano e para garantir uma maior espoliação do país. Não podemos nos enganar com a falácia da ONU e do imperialismo de “ajuda humanitária”, eles só estão preocupados em garantir seus lucros. Também não podemos crer no governo Lula de que o exército brasileiro está cumprindo uma “missão de paz”. Há quase seis anos, a repressão é o papel que cumprem as tropas da Minustah comandadas pelo exército brasileiro, o mesmo que torturou e assassinou os trabalhadores e o povo durante a ditadura militar brasileira.
O povo haitiano precisa de remédios, de comida, de água e não de repressão. Relatos recentes de
organizações de direitos humanos e militantes que estiveram no Haiti mostram como os haitianos podem tomar em suas próprias mãos a distribuição da ajuda enviada, dos alimentos e remédios, e onde eles estão fazendo isso a ajuda está chegando muito mais do que pelas mãos dos soldados de qualquer exército. Como podemos depositar alguma confiança no imperialismo norte-americano, o mesmo que impediu centenas de médicos e outros voluntários de entrar no país. Não temos nenhuma confiança nos governos, nos exércitos e na ONU para distribuir a ajuda enviada, só as organizações operárias e populares do Haiti podem garantir a distribuição de
forma justa.
Ainda mais revoltante foi ver a declaração do Cônsul haitiano no Brasil, que despudoradamente expressou todo o racismo da burguesia imperialista e seus governos servis, dizendo que "A desgraça de lá (Haiti) está sendo uma boa para a gente aqui ficar conhecido (...) Aquele povo africano acho que de tanto mexer com macumba, não sei o que á aquilo (...) O africano em si tem maldição. Todo lugar em que tem africano tá fodido". Por tudo isso, fizemos a convocação
de um ato em frente ao consulado haitiano que se realizou no dia ... de janeiro e estamos organizando atividades em todos os lugares onde estamos.
Nós, trabalhadores e jovens do mundo todo, em especial do Brasil, já que o governo Lula vem cumprindo um papel nefasto na ocupação do país, temos que nos solidarizar ativamente com o povo haitiano, fazer todos os esforços para ajudar concretamente e materialmente , mas sempre pensando em como vamos ajudar o povo haitiano a se livrar da histórica opressão imperialista e a decidir os rumos das suas vidas e de seu país, a exemplo da própria revolução haitiana que, a
partir do levante dos negros escravizados, alcançou a independência do país e o fim da escravidão, no início do século XIX .
Por isso, nós, trabalhadores e jovens da LER-QI, temos impulsionado, na medida de nossas forças, uma campanha chamando a solidariedade operária e popular ao povo haitiano. Queremos reforçar o chamado a todas as organizações políticas, organizações de direitos humanos, estudantes e trabalhadores a somarem esforços nessa campanha.
Infelizmente até agora pouco foi feito para concretizar a campanha em solidariedade ao povo haitiano. A Frente Nacional de Solidariedade ao Haiti montada em São Paulo, até agora se reuniu apenas uma vez e marcou um ato somente para 21 de março. Isso é uma demonstração de que essa Frente não pode levar a cabo uma campanha séria de solidariedade, se ficar à reboque de organizações como o PT e a CUT, que estão comprometidos com a defesa do governo Lula e que nunca serão conseqüentes com uma campanha que denuncie o papel das tropas brasileiras que o próprio Lula mantém no Haiti há vários anos. Por isso, chamamos os setores classistas e combativos, em especial a Conlutas e o PSTU, que estão dispostos a fazer uma campanha que denuncie o papel do governo Lula e suas tropas, do imperialismo e da burguesia branca e racista, a tomar como tarefa nesse momento construir um grande ato no dia 25/02, data da provável visita de Lula ao Haiti.
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